Meninas são gigantes

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Carta da nudez interrompida, corrompida por si mesma

Eu por mim vos peço: me deixe.
Minha espada se recordou de meu passo e agora nada é possível se não duzentos séculos de uma mesma palavra confusa. Eu por mim não desfaleço, eu por mim não desloco, só permaneço deitada sobre minhas roupas, minhas misérias, deixando o céu torrencial estapiar minha carne.
Vinte anos e nenhuma questão respondida, sequer colocada. A ânsia pela resposta foi substítuida pelo barulho rítmico de meus sapatos, pela não-linguagem ávida do desejo cego, pela insuficiência cardíaca do corpo, pelo caos cirandeiro, cíclico e vicioso.

Dos que ficam; o vento que corta o rosto, o assédio do tempo seco que retorce os galhos das árvores e um ódio inexplicável _e mudo_ pelos objetos da cidade [o desejo irresistível de silêncio, e da não-movimentação vibra nas fibras do corpo, manifesta na boca aberta que não diz, através da voz não-propagada; o desejo estático:
-Cessar.


[E nos desejos fora do corpo, sonha-se com voz de mãe, que canta morna canção de ninar.]